quinta-feira, 26 de maio de 2011

VITÓRIAS DO BRASIL


Um texto de Antônia Maria Prado de Araújo (minha mãe)

Certamente a vitória mais memorável do Brasil é a conquista do Pentacampeonato no futebol...É o melhor do mundo! Não obstante, questiono: será que esse título no ranking mundial serve de escudo para ocultar a desigualdade das condições de vida dos brasileiros? Exime as autoridades da obrigação, não digo de repensar, mas, de pensar na vida dos filhos dessa "Pátria mãe gentil"? Desde o nascimento, muitos dos seus filhos têm como "berço explêndido" o aconchego do concreto das pontes, das barracas de lona, madeirite ou papelão, o lôdo das águas, cestos ou caçambas de lixo.

Vitoriosos são os que conseguem sobreviver por graça do Criador e ajuda de populares - esses, heróis por uns dias - aí sim, a mídia e a compaixão se manifestam para adotar as Vitórias. Vitória "Régia"?* Vitórias "Recicladas"?** Sem ironia, com indignação volto a questionar: é comum notícias do crime de abondono de incapaz cometido por mães em condições dignas de vida? Não quero aqui justificar aquelas que cometeram tal crime, mas, chamar a atenção das autoridades para que todas as mães possam "dar a luz" a seus filhos, no sentido amplo do termo.

Ah! quantos não conseguiram ser Vitórias ou Vitórios!*** Derrotados pela morte jamais poderão ufanar-se de ser Brasileiros, ou simplesmente do direito de viver.

* Em alusão ao bebê de dois meses resgatado com vida depois de ser jogado dentro de um saco de lixo na Lagoa da Pampulha (Belo Horizonte - 2006).

** Referência a todas as crianças encontradas no lixo. E são muuuitas!!! A exemplo da menina recém-nascida abandonada em Praia Grande, litoral paulista, encontrada por um catador de latinhas.

*** O bebê recém-nascido encontrado no lixo de um banheiro do Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí, faleceu por volta das 20h35 do dia 29 de abril de 2011. Com cerca de 1,5 kg, a criança sofreu paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.

O corpo de um bebê de sete meses do sexo feminino foi encontrado no lixão da cidade de Itabuna - BA. A criança estava dentro de uma sacola.

No dia 12 de maio, um bebê foi encontrado morto por um catador de lixo no Anel Viário da cidade de São Bernardo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Ele era apenas uma criança!!!

No último domingo uma das crianças atendidas pelo nosso projeto de extensão, o FASB Acontecer, foi assassinada pelo próprio pai em Brasília. O menino residiu na AMEC* até o ano passado e tinha apenas 09 anos! Sem palavras para expressar a tristeza do grupo (monitoras e professora) que conviveu diretamente com Edilson! 
Fatos como este evidenciam a profunda desestrutura de algumas famílias, o que reflete também a desestrutura da nossa sociedade!   

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/05/22/interna_cidadesdf,253343/pai-mata-proprio-filho-durante-discussao-com-companheira-no-riacho-fundo-ii.shtml

*(Associação de Amparo ao Menor Carente)

Um poeminha para Edilson

Ele era apenas uma criança
Com sonhos e esperança
De uma vida melhor

Ele queria apenas ser amado
Brincar, fazer amigos
Crescer forte e educado

Ser um bombeiro ou um super-herói
Talvez um daqueles caubóis
Mas não foi dessa vez!

Não fique triste, menino  
Não vai lhe faltar oportunidade
Em outra dimensão, quem sabe...




segunda-feira, 23 de maio de 2011

Vídeo da Professora Amanda já teve mais de meio milhões de acesso no YouTube...

Com um discurso consistente e realista a professora de Língua Portuguesa, Amanda de Freitas, conseguiu alavancar os debates sobre a Educação em nosso País. O vídeo do discurso que fez na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte ganhou repercussão no YouTube e já teve mais de meio milhão de acessos.

Segundo entrevista concedida à Folha de São Paulo (21/05), Amanda afirmou que sempre participou de movimentos estudantis e que sua meta é conquistar a presidência do sindicato dos professores do Rio Grande do Norte (vaga que ela já disputou por duas vezes).

PELA REVOGAÇÃO DO DECRETO 12.583/2011, JÁ!!!

Assine o Abaixo-assinado online pela REVOGAÇÃO DO DECRETO 12.583/2011. A Universidade da Bahia precisa de autonomia!!!

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=REV2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Outros dados relevantes do último Censo

Dados do Censo 2010 revelam que o Brasil anda a passos de tartaruga quando o assunto é saneamento básico. Barreiras então, anda a passos de lesma....Vejamos:

  • Só 55,5% dos domicílios têm acesso à rede de esgoto. Há 10 anos, a taxa era de 47,3%.
  • 82,8% da população brasileira tem acesso a água encanada. Dez anos antes, este percentual era de 77,8%.
  • 98,7% têm acesso a energia elétrica. Antes o percentual era de 94,5%.
- Outras informações importantes:

Pela primeira vez, o IBGE conseguiu medir as ligações irregulares de luz, os conhecidos "gatos". No Brasil, há mais de meio milhão de casas com luz clandestina.

A pobreza diminuiu, mas 16 milhões e 267 mil pessoas ainda vivem em situação de extrema pobreza, o que representa 8,5% da população total. É muuuuita gente!

Um dado revelado que causa grande preocupação se refere ao trabalho infantil. Das 57 milhões de casas exitentes no país, 132.033 são chefiadas por crianças com idade entre 10 e 14 anos.

O Brasil precisa de uma intervenção política séria e sistemática em todos estes aspectos, que estão diretamente ligados à qualidade de vida de seus cidadãos! Vamos cobrar!!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Comitê de Ética em Pesquisa - CEP / FASB

A Faculdade São Francisco de Barreiras criou no ano de 2004, através de ato oficial do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), o seu Comitê de Ética em Pesquisa com a preocupação de zelar pela integridade e direitos dos sujeitos participantes de pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento.
A missão do CEP é acompanhar projetos de pesquisa e colaborar para o desenvolvimento da competência ética e de uma visão mais ampla dos valores humanos.

Em 2010 o CEP passou por uma reestruturação, sendo composto atualmente pelos seguintes membros:

Profª.Juliane Vilela F. Salomão (Enfermagem / Coordenadora do CEP)

Profª. Rosangela Queiroz Martins Araújo (Direito)
Profª. Emilia Karla de Araujo Amaral Pignata (Pedagogia)
Prof. Luciano Sabatin Bacani (Fisioterapia)
Prof. Jorge da Silva Junior (Agronomia)
Profª.Roberta Bergamo Lima (Psicologia)
Profª.Rosa Maria da Silva Furtado (Pedagogia)
Prof. Leandro Dobrachinski (Farmácia)
Prof. João Bosco Pavão (Antropologia)
Prof. Pedro Bergamo (Sociologia)
Prof. Diego Cabral Barreiros (Agronomia)
Profª. Atenuza Pires Cassol (Pedagogia)
Prof ª. Débora Cervieri Guterres (Administração)
Profª. Carolina Adam (Educação Física)
Rose Reys (Representante dos Usuários)

A submissão de projetos a um Comitê de Ética traz benefícios diretos ao pesquisador, como por exemplo a avaliação por um conjunto de professores com a pretensão de auxiliar na discussão dos aspectos éticos envolvidos, assim como, auxílio nas publicações em revistas científicas, pois cada vez mais há a exigência destas de parecer emitido pelos Comitês.

Projetos que devem ser submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP):


Pesquisas realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou grupos, em sua totalidade ou em partes, incluindo o manejo de informações e materiais. Assim, são consideradas pesquisas envolvendo seres humanos aquelas que preveem a realização de entrevistas, aplicações de questionários, utilização de bancos de dados, revisões de prontuários ou qualquer tipo de pesquisa-intervenção.

Os Formulários necessários para submissão de projetos ao CEP / FASB, bem como o Manual de orientação para elaboração dos projetos podem ser acessados nos links abaixo:


http://www.fasb.edu.br/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=305&Itemid=34

http://www.fasb.edu.br/index.php?option=com_content&task=view&id=253&Itemid=36

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Para polemizar é imprescindível se fundamentar!!!!

Desde segunda-feira está sendo veiculada na mídia uma verdadeira polêmica sobre o livro didático "Por uma Vida Melhor", distribuído pelo MEC para a Educação de Jovens e Adultos. Até Boris Casoi, visivelmente sem nenhum embasamento teórico sobre o assunto, se achou no direito de comentar e criticar a obra.

Para Marcos Bagno, linguista brasileiro de maior destaque na atualidade, os meios de comunicação criaram uma falsa polêmica. Bagno afirma que a discussão sobre preconceito linguístico ocupa apenas 2% da obra e que nos outros 98%, o que se faz é ensinar as normas cultas de prestígio. Para o autor, discutir preconceito linguístico na escola é fundamental para se criar um ambiente mais acolhedor e próximo da vida real.

No seu site Bagno publicou:

"Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua. Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).
Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras?"

Thaís Nicoleti de Camargo, consultora de Língua Portuguesa do grupo Folha e UOL, em matéria publicada hoje na Folha de São Paulo, diz que essa polêmica provocada pela imprensa nasce da defasagem entre a visão do ensino da língua materna cultivada pelo senso comum e uma pedagogia desenvolvida com base na Linguística.

Camargo afirma:

"Na condição de ciência, a linguística tem por objetivo descrever a língua, não prescrever formas de realização. O trabalho do linguista passa ao largo dos frágeis conceitos de "certo" e "errado". É fato, porém, que, para os leigos no assunto, o estudo da língua parece se resumir exatamente a esses conceitos. A pedagogia que orienta a obra afronta, portanto, o senso comum, que se expressa no temor de que a escola vá passar a ensinar o "errado". A ideia é mostrar que mesmo realizações sintáticas como "os livro" ou "nós pega" têm uma gramática, que, embora diversa da que sustenta a norma de prestígio social, constitui um sistema introjetado por um vasto grupo social - daí ser possível falar em variante linguística. Embora goze de maior prestígio social, a norma culta é apenas uma das variantes, não a própria língua. A visão distorcida do fenômeno linguístico municia o preconceito linguístico, manifesto na inferiorização social daqueles que não dominam os recursos da variante culta. Cabe a uma pedagogia preocupada em promover a inclusão tratar desse tipo de questão e fomentar entre os estudantes o respeito à forma de expressão de cada um. Isso não significa, porém, deixar de ensinar a norma culta, que é o código de mediação necessário numa sociedade complexa e um meio de acesso às referências literárias e culturais que constituem a nossa tradição e reforçam a nossa identidade".

Pois é gente, para polemizar é imprescindível se fundamentar!!!!


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Palestra Giacomo Mancini

No segundo dia do Congresso de Iniciação Científica da FASB (12 de maio), o curso de Comunicação Social nos brindou com uma palestra do jornalista da Rede Bahia, Giacomo Mancini. Giacomo falou sobre o profissional multimída, fazendo uma retrospectiva da história da evolução da televisão e de outros meios de comunicação. A palestra culminou com um produtivo debate, que contou com a participação de diversos profissionais da imprensa barreirense.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

9º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FASB



Teve início hoje a programação do 9º CIC - Congresso de Iniciação Científica da Faculdade São Francisco de Barreiras. A palestra de abertura foi proferida pelo Dr. Claudio Tadeu Daniel Ribeiro, graduado em Medicina e doutor em Biologie Humaine  pela Universidade de Paris VI - Pierre et Marie Curie.



O Dr. Cláudio é pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, membro das Academias Nacional e Fluminense de Medicina, membro correspondente da Academia Nacional de Medicina da França (2009), cientista da Faperj, Vice-Presidente da Federação Internacional de Medicina Tropical e Presidente da Sociedade Brasileira de Malariologia. É também assessor ad-hoc do CNPq, Finep, Faperj e várias outras agências governamentais de fomento à Pesquisa.

A palestra teve como tema: A EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ERA PÓS-INDUSTRIAL. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ANALFABETISMO NO BRASIL: Dados do CENSO 2010

No BRASIL, quase 14 milhões com 15 anos de idade ou mais não sabem ler nem escrever.


Resumo dos dados do IBGE 2010:

• 9,6% da população com 15 ou mais anos ainda é analfabeta. Em números reais são 13.940.729 pessoas.

• Houve uma queda de 4 pontos percentuais em relação ao Censo de 2000. Este indicava um percentual de 13,6% de analfabetos.

• A maioria dos analfabetos está no Nordeste, que concentra 53,3% do total de brasileiros que não sabem ler nem escrever. Em números reais são 7,43 milhões.

• Esse percentual é maior do que em 2000, quando era de 51,4%.

• Estado na pior situação: Alagoas. 24,3% dos seus habitantes (537 mil em 2,21 milhões) são analfabetos. Em 2000, eram 33,4%.

• A região Centro-Oeste continua com o menor total de analfabetos: 5,5%, apesar do aumento de 0,1 ponto percentual em relação a 2000.

• O Distrito Federal continua como a unidade da federação com a menor taxa: 3,5% em 2010, 5,7% em 2000.

• As maiores taxas de analfabetismo estão nas zonas rurais. Enquanto a taxa nas regiões urbanas chega a 7,3%, no campo ela chega a 23,2%.

• Com exceção de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, todas as outras unidades da federação têm taxa de analfabetismo que supera 10%.

• Nas áreas urbanas, a maior taxa está também em Alagoas, com 19,58% da população das cidades analfabeta. O Distrito Federal também tem a menor taxa urbana, de 3,26%.

Fonte: Portal UOL Educação, 29/04/2011

Segundo matéria da Folha de São Paulo (16.05.2011), a queda do analfabetismo adulto é residual, considerando que foram poucos os que aprenderam a ler entre 2000 e 2010. Segundo o censo a redução foi de apenas 0,5 ponto percentual, uma vez que, no total da população de 15 anos ou mais, a proporção de iletrados caiu de 13,6% para 9,6%.

Nenhuma escola é ilha. Por Ana Flávia Ramos

Esse texto merece ser divulgado....

Nenhuma escola é ilha

por Ana Flávia C. Ramos*
Tragédias como a ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, sempre provocam grande comoção pública, indignação e, obviamente, tristeza pelas muitas crianças perdidas no atentado. Além desses sentimentos, tais fatos provocam também um grande tsunami de "especialistas", mobilizados em velocidade estonteante pela mídia, para dar laudos e explicações quase matemáticas sobre as motivações do assassino. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, segundo as informações desses "cientistas da tragédia" (que variam de "criminólogos" a policiais militares), era tímido, solitário, filho adotivo, "usuário" constante do computador (a "droga" dos tempos modernos segundo os "analistas"), ateu, islâmico, fanático, fundamentalista, portador do vírus da AIDS e, provavelmente, vítima de bullying na escola.

Certamente não há como contestar que todo ato humano, e por isso histórico, se explica a partir da análise de uma cadeia de relações complexas. Como digo aos alunos, nada tem resposta simples e direta. Entretanto, o tipo de questão levantada para entender o terrível ato de Wellington Menezes de Oliveira diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre ele. Todos os nossos preconceitos estão embutidos nessas respostas. De fato, não sabemos, e talvez nunca saibamos, por que exatamente ele atirou contra cada uma das crianças (em sua maioria meninas), assim como não sabemos sobre as reais motivações dos muitos atentados como esse, ocorridos em países como Estados Unidos e Dinamarca. Mesmo depois de tudo o que se discutiu, ainda é difícil, por exemplo, explicar Columbine (abril de 1999).

Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção é a recorrência da explicação que elege o bullying escolar como um dos fatores que podem desencadear esse tipo de ato violento. A explicação não é nova, Columbine é prova disso. Há mais de dez anos atrás, dois meninos entram em uma escola, de capa preta (quase como em um filme hollywoodiano) e atiram em seus colegas. "Especialistas", gringos agora, se apressam em dizer as razões: divórcio nas famílias, videogames, filmes violentos, Marilyn Manson, porte de armas facilitado e, como não poderia faltar, bullying na escola.

É inegável que o bullying é uma realidade. É indiscutível que ele é extremamente nocivo e doloroso aos alunos que sofrem com ele. É evidente que há urgência em iniciar um debate para saber como sanar o problema. Mas a pergunta que fica é: o que de fato é o bullying? Ele é um sinal (histórico) de que? E ainda mais: ele é um problema restrito à escola? Por que os alunos são tão cruéis com seus colegas?

Michael Moore, cineasta norte-americano explosivo, tentou dar a sua interpretação para o atentado de Columbine com o documentário Bowling for Columbine (2002). Moore, ao invés de repetir os clichês da mídia, foi implacável na destruição do senso comum das justificativas moralistas para o evento. Item por item, desde a desagregação da família, Manson, até a polêmica questão do porte de armas foram desconstruídos em sua narrativa. O foco centrou-se em respostas muito mais interessantes, localizadas não nos dois jovens assassinos, mas na sociedade americana. O imperialismo militarista dos Estados Unidos, a ação violenta em outros países, a política do medo (incentivada pelo Estado e pela grande mídia), que reforça e superestima dados sobre a violência urbana, sobre o fim de mundo, e, principalmente, a intolerância com todo tipo de diferença. Racismo, preconceito, homofobia, conflitos religiosos e luta de classes são só alguns dos ingredientes do caldeirão de ódios em que se transformou a sociedade americana.

Como crescer no Colorado, na "livre" América, e não ser conspurcado por esses valores? Como não idolatrar armas e achar que elas são um meio prático de solucionar problemas? Como viver imune a uma sociedade individualista, capitalista, que divide os seus cidadãos o tempo todo em "winners" e "losers"? E mais ainda, como não se deixar levar por uma sociedade que até hoje não consegue lidar com a diferença entre brancos e negros? Uma sociedade que até os anos 1960 não oferecia direitos, oportunidades e tratamentos iguais a todos os seus cidadãos, tem o que para oferecer ao pensamento dos estudantes? Os americanos, ainda hoje, estão preparados para o respeito à diferença? A relação que eles mantêm com os muçulmanos diz muito. Definitivamente a liberdade e o respeito ainda não se transformaram em uma unanimidade por lá.

É claro que mesmo Moore não chega a dar respostas definitivas sobre a questão. E mais ainda: é evidente que ele considera a forma pela qual a instituição ESCOLA trata seus alunos (hierarquias e classificações hostis), ignorando muitas vezes o bullying, tem sua responsabilidade no massacre. Assim como é nítido que a venda facilitada de armas e munição são coadjuvantes importantes da história. Mas Moore foi corajoso ao lançar em cada um dos americanos a responsabilidade da tragédia e discutir aquilo que ninguém teve coragem (ou má fé) de fazer. Nem a mídia, nem o governo, nem a sociedade. É preciso encarar os "monstros", com franqueza, e não apenas "satanizar" o ambiente escolar, para dar algum significado para esses eventos.

Ontem no Terra Magazine o antropólogo Roberto Albergaria afirmou que a mídia e a sociedade brasileira desejavam o impossível: explicações para um "desvario sem significado". Segundo ele, o que Wellington Menezes praticou foi o que os estudos franceses chamam de "violência pós-moderna", caracterizada por uma ruptura irracional, sem explicação. De fato, talvez tenha sido um "ato irracional", fruto de um momento de insanidade. Mas acredito que esse tipo de resposta não nos ajuda a resolver coisas importantes sobre nós mesmos. A tragédia no Realengo, a meu ver, pode e deve ser início de um debate importante sobre a nossa sociedade.

A tragédia na escola do Rio de Janeiro acontece num contexto bastante relevante. Em outubro de 2009, Geyse Arruda foi hostilizada por seus colegas de faculdade porque, segundo eles, ela não sabia se vestir de modo "apropriado" para freqüentar as aulas. Em junho de 2010, Bruno, goleiro do Flamengo, é suspeito de matar a ex-namorada, Elisa Samudio, por não querer pagar pensão ao filho. Suposta garota de programa, Samudio foi hostilizada na opinião de muitos brasileiros. Após rompimento, Mizael Bispo, inconformado, mata sua ex-namorada Mércia Nakashima em maio de 2010. Em novembro de 2010, grupos de jovens agridem homossexuais na Avenida Paulista, enquanto Mayara Petruso incita o assassinato de nordestinos pelo Twitter. E mais recentemente, em cadeia nacional, Jair Bolsonaro faz discurso de ódio contra homossexuais e negros. Tudo isso instigado e complementado pelo discurso intolerante, preconceituoso, conservador e mentiroso do candidato José Serra à presidê ncia da República. A mídia? Estava ao lado de Serra, corroborando em suas artimanhas, reforçando preconceitos contra Dilma, contra as mulheres e contra os tantos mais "adversários" do candidato tucano.

Wellington matou mais meninas na escola carioca. Se, por um lado, jamais saberemos as reais razões que o fizeram agir dessa forma, por outro sabemos o quanto a sociedade brasileira tem sido, no mínimo, indulgente com atos de intolerância, machismo, ódio e preconceito contra mulheres, negros e homossexuais. Se não há uma ligação direta entre esses diversos acontecimentos, eles pelo menos nos fazem pensar o quanto vale a vida de alguém em um contexto de tantos ódios? Quantas mulheres morrerão hoje vítimas do machismo? Quantos gays sofreram violência física? Quantos negros sentirão declaradamente o ódio racial que impregna o nosso país? O que é o bullying se não o prolongamento para a escola desse tipo de mentalidade? Quantas pessoas apoiaram as declarações de ódio de Bolsonaro via Facebook? Aquilo que acontece no ambiente escolar nada mais é do que um microcosmo do que a sociedade elege como valores primordiais. E o Brasil, que por tanto tempo negou a "pecha" de racista e preconceituoso, vê sua máscara cair.

Não adianta culpar o bullying, achando que ele é um problema de jovens, um problema das escolas. Não adiante grades e detectores de metal nas entradas ou a proibição da venda de armas. Como professora, sei que o que os alunos reproduzem em sala nada mais é do que ouviram da boca de seus pais ou na mídia. Não adianta pedir paz e tolerância no colégio enquanto a mídia e a sociedade fazem outra coisa. Na escola, o problema do bullying é tratado como algo independente da realidade política, econômica e social do país. Mas dá pra separar tudo isso? Dá pra colocar a questão só em "valores" dos adolescentes, da influência do malvado do computador ou dos videogames? Ou é suficiente chamar o ato de Wellington de uma "violência pós-moderna" sem explicação? Das muitas agressões cotidianas, a da escola do Realengo é apenas uma demonstração da potencialidade de nossos ódios. A única coisa que me pergunto é: teremos a coragem de fazer esse tipo de discussão?

* Ana Flávia C. Ramos é professora, historiadora pela Unicamp

Matéria tirada do Viomundo - www.viomundo.com.br

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Homenagem - 10 Anos de FASB

No último dia 20/04 a Faculdade São Francisco de Barreiras comemorou 12 anos de existência e de serviços prestados à região Oeste da Bahia. Na ocasião, marcada por uma agradável confraternização, eu e outros colegas recebemos uma Homenagem "pelos 10 anos de dedicação e comprometimento ofertados à FASB, contribuindo com afinco para o desenvolvimento da Educação Superior no eixo local-regional" (Texto contido na Placa que recebemos).

A placa me foi entregue pelo professor João Bosco Pavão (foto abaixo), assesor do IAESB (entidade mantenedora da Faculdade São Francisco de Barreiras). Fiquei imensamente feliz em ter recebido esta homenagem pelas mãos do professor Bosco, que é uma pessoa de extrema importância no meu processo formativo e com quem tenho a satisfação de compartilhar algumas atividades na Faculdade São Francisco.


Ficou também registrado o momento de agradecimento ao professor Tadeu Sergio Bergamo (foto abaixo), por toda a confiança em mim depositada nestes 10 anos de tabalho.


Parabéns à Faculdade São Francisco de Barreiras por tudo que ela representa para nossa região!!!!