quinta-feira, 28 de junho de 2012

BRASIL NO SÉCULO XX: SÍNTESE / HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO


PRIMEIRA REPÚBLICA - Também chamada de República Oligárquica, República dos Coronéis ou República do Café.


Constituição de 1891: instaura o governo federal e presidencial, mas a escolha dos governantes é controlada por uma elite – Política do Café com Leite.

1914-1918: após a 1ª Guerra o país passa por um surto industrial. A redução das importações faz surgir uma burguesia industrial urbana. Os operários são, em sua maioria, imigrantes e começam a se organizar em sindicatos (influência anarquista)

A década de 20 é marcada por movimentos grevistas. É Fundado o PCdoB em 1922.

Revoltas Tenentistas: representam o descontentamento da burguesia com a oligarquia dominante. Surge a Coluna Prestes.

1929: Uma crise econômica instaura-se no mundo inteiro, provocando também a Crise do Café. As consequências dessa crise acabaram sendo benéficas, por provocar o crescimento do mercado interno e da industrialização.

Revolução de 30: intelectuais, militares, políticos, industriais e comerciantes começam a se organizar em movimentos ideológicos. Vargas se aproveitou desse momento para se tornar chefe do governo provisório.

1937-1945: Estado Novo – forte controle estatal. Autoritarismo e censura. Incentivo à industrialização.

Positivismo: A ciência em superação aos mitos e em substituição a uma educação humanista. Em voga na França desde o século XIX, influenciou fortemente os militares brasileiros, principalmente pelo ideário de ordem, disciplina e moral severas.

O Movimento da Escola Nova causa um “otimismo pedagógico” por defender o pensamento liberal democrático de ”escola pública para todos. Se destacaram nesse movimento pensadores como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, dentre outros. Mais uma vez há uma reação católica, uma vez que os escolanovistas defendem uma escola laica.

Reforma Francisco Campos: assumiu o Ministério da Educação e saúde, criado em 1930 no governo Vargas. O ensino secundário passa a ter 2 ciclos: um fundamental de 5 anos e outro de preparação para o vestibular, de 2 anos. Total descaso em relação ao ensino fundamental e à formação de professores. Ênfase nas Universidades: a reforma deu a essas instituições maior autonomia administrativa e didática e reforçou a pesquisa

Reforma Capanema: Durante o Estado Novo, o Ministro Capanema volta a reformar o ensino secundário, agora formado pelo ginásio de 4 anos e colegial de 3. Ênfase na consciência patriótica e numa educação que deveria servir ao desenvolvimento de habilidades e mentalidades de acordo com os diversos papéis atribuídos às classes sociais. Cria o SENAI e o SENAC.

Entre 1930 e 1940 ocorre uma expansão do ensino como jamais registrado na história do Brasil até então.

SEGUNDA REPÚBLICA OU REPÚBLICA POPULISTA - NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO
De 1945 (Deposição de Vargas) até 1964 (Golpe Militar)

Populismo: Vargas, Gaspar Dutra, Café Filho, Juscelino e Jânio Quadros: governos eleitos pelo povo.


Política de massa: manipulação da classe trabalhadora.

Década de 50: Criação da Petrobrás, como reforço ao espírito nacionalista da época.

Entrada de capital estrangeiro: diversifica-se a industrialização, crescem as disparidades regionais, agrava-se a pobreza, aumenta a inflação.
Governo JK: “50 anos em 5” 1961: Darcy Ribeiro, inspirado em Anísio Teixeira funda a UNB. O governo de João Goulart foi interrompido pelo regime militar de 1964, que reprime uma fecunda efervescência cultural.

Lei de Diretrizes e Bases (4024/61): após a queda da ditadura de Vargas, os pioneiros da educação nova retomam a luta pelos valores já defendidos em 1934. Após 13 anos engavetada, essa Lei já estava ultrapassada quando entrou em vigor. - Verbas também para as escolas particulares.
Oposição católica: “a escola leiga não educa, apenas instrui”.

ISEB (1955) – durou 10 anos até ser extinto pelo Golpe Militar. De base marxista, lutou pelo desenvolvimento da indústria nacional, contra as investidas estrangeiras.

Paulo Freire: Teologia e pedagogia Libertadora. Escreveu Educação como Prática de Liberdade, Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Esperança e a Importância do Ato de Ler. Foi exilado no período do Golpe Militar.
A educação deve ser problematizadora e dialógica e não “bancária”. Método Paulo Freire: alfabetização a partir de palavras geradoras.

No Brasil é criado o MOBRAL.

Movimentos de Educação Popular: Centros Populares de Cultura: O 1º surge em 1961 por iniciativa da UNE; Movimentos de Cultura Popular: ligado à prefeitura de Recife, teve Paulo Freire como participante. Movimentos de Educação de Base (CNBB). Todos desativados pelo Golpe Militar de 64.

Inovações Educacionais: implantação do escolanovismo – ginásios e colégios vocacionais; criação do Colégio de Aplicação da USP (clientela privilegiada. Acusado de subversivo, foi extinto em 1970 pelo regime ditatorial). Defendiam: - Inserção no mundo do trabalho, sem descuidar da consciência crítica; Investimento na formação de professores; - pagamento de horas extras de trabalho; - acompanhamento da orientação educacional; - classes cada vez mais reduzidas.

Ditadura Militar: Muitos torturados e desaparecidos. O Golpe de 64 opta pelo capital estrangeiro, acabando de vez com o nacional-desenvolvimentismo. - Arrocho salarial; - O êxodo rural gera muita miséria; - Se colocam a serviço da Ditadura a Lei de Segurança Nacional, o Serviço Nacional de Informações, a cassação de direitos políticos, dentre outras medidas. 1969: Começa a guerrilha urbana, violentamente reprimida.

A Ditadura e a Educação: No ensino médio os grêmios são transformados em “Centros Cívicos”;
- A UNE reivindica reforma universitária e é fortemente reprimida.
- Ato Institucional nº 5 (AI 5): retira todas as garantias individuais, dando plenos poderes ao presidente da república.

Reforma Tecnicista: Educação como treinamento (modelo empresarial: racionalidade, objetividade e eficiência). Herança do Positivismo e do Behaviorismo. Acordos MEC-Usaid: o Brasil recebe cooperação financeira e assistência técnica para implementar a reforma do ensino. Reforma autoritária, que visa atrelar o sistema educacional ao modelo econômico de dependência dos EUA.

Reforma Universitária (Lei 5540/68): Governo do General Costa e Silva. Estratégia militar de afrontamento ao movimento estudantil. Concessão à classe média que clamava por vagas no ensino superior. Esta reforma encontrou resistências em vários setores sociais ligados à educação, principalmente porque ela nasceu identificada com um período em que as liberdades democráticas tinham sido suprimidas.

Reforma do Ensino de 1º e 2º graus (Lei 5692/71): se realiza no período mais violento da ditadura (governo de Médici). Vantagens: aumento da escolarização obrigatória de 4 para 8 anos, integração do sistema educacional (ideia de continuidade), cooperação das empresas; profissionalização para todos que cursassem o 2ª grau. Desvantagens: esvaziamento dos conteúdos, despolitização; aumento da força-de-trabalho que atenderia à demanda do desenvolvimento anunciado pelo “tempo do milagre”. Mesmo as vantagens anunciadas não refletiram na realidade educacional, devido falta de investimentos.

NOVA REPÚBLICA

Contexto: No início da década de 80 o regime militar dava sinais de enfraquecimento, entrando em curso um lento processo de democratização. Retoma-se nas escolas de 2º grau a formação geral.

Transição Democrática: 1985
- Primeiro governo civil depois da Ditadura, após o movimento das “Diretas Já”.

Os partidos extintos e os organismos de representação estudantil voltam à legalidade.

- A censura é abrandada;
- Vários grupos de representação da sociedade civil se fortalecem (CNBB, ABI, OAB, SBPC), bem como partidos políticos de oposição como o PMDB e os sindicatos.
- Professores lutam em movimentos pela valorização do Magistério e pela recuperação da escola pública.

Pedagogia Histórico-crítica: Dermeval Saviani, Guiomar Namo de Melo, José Carlos Libâneo, Jamil Cury e outros. 
- Parte do pressuposto de que é viável, mesmo numa sociedade capitalista, "uma educação que não seja, necessariamente, reprodutora da situação vigente, e sim adequada aos interesses da maioria, aos interesses daquele grande contingente da sociedade brasileira, explorado pela classe dominante”.
- Professores e alunos são vistos como sujeitos do processo.
- Os conteúdos a serem estudados são problematizados a partir da prática social, tendo o
diálogo como procedimento principal, sem deixar de valorizar também o diálogo com a cultura acumulada historicamente.
- Há uma preocupação com o ritmo de aprendizagem e os interesses do grupo em virtude da necessidade de uma sistematização coerente dos conhecimentos a serem trabalhados, sendo a prática social o ponto de partida.
- O segundo passo seria a problematização da realidade e o terceiro a instrumentalização do aluno pelo professor, para que este possa efetivamente transformar os instrumentos culturais incorporados em elementos ativos de transformação social e possa chegar ao ponto de chegada que é a própria prática social, só que agora com uma compreensão qualitativamente alterada, equiparada à compreensão do professor.

Outras contribuições pedagógicas:
- O Construtivismo de Piaget
- O Sóciointeracionismo de Vygotsky
- A Psicogênese da Língua Escrita de Emília Ferreiro.

A Constituição de 1988:
- Gratuidade do ensino público;
- Ensino fundamental obrigatório e gratuito;
- Extensão ao Ensino Médio;
- atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos;
- valorização dos profissionais de ensino (exigência do Plano de Carreira);
- Autonomia Universitária;
- Plano Nacional de Educação, etc.

A nova LDB:
1º projeto: Cid Sabóia: foi amplamente debatido e criticado por ser detalhista demais e corporativista.
2º projeto: Darcy Ribeiro: foi criticado por ser vago demais, mas teve apoio do governo. Não houve debate, por isso foi considerado autoritário.
- Foi promulgada em 1996, sob o número 9394.

FONTE:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006. 

 

sábado, 16 de junho de 2012

As Santas Missões em Cristópolis - BA

Visitem o blog CARRO DE BOI DA LÚCIA...Lá vocês encontrarão uma bela narrativa sobre as Santas Missões no município de Cristópolis - Ba...além de muitas outras coisas legais sobre a nossa história.

http://carrodeboidalucia.blogspot.com.br/search?q=miss%C3%B5es

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Um pouco mais de CORDEL (História da Educação Brasileira - Conteúdo: Ciclo da Mineração)

Alunas: Keila Menezes, Priscila Gama e Ludmila
Adaptações: profª Emília Pignata

Durante a intervenção de Pombal
Extinguiu-se o sistema de capitanias
Como primeiro-ministro de Portugal
O Brasil fora levado a nova categoria

Foram reconhecidas as terras do sul
Pela prática da mineração
Muda a administração na nova capital
Aumentam as Estradas e a navegação.


Alunas: Danielle G. Lessa, Fabrícia Vieira e Paloma Teixeira
Adaptações: profª Emília Pignata

Minas pequenas eram exploradas
Individualmente pelos faiscadores
Foram quase todas esgotadas
Por estes nômades trabalhadores

Os escravos, sempre sob crueldade
Viviam em prol dessa exploração
Para conquistar sua liberdade
Buscavam sempre um bom filão.

Garimpeiros que iam de mina em mina
Na ilusão de encontrar cada vez mais ouro
Que queriam enfeitar suas meninas
E construir, quem sabe, rico tesouro.

Alunas: Jóelia, Júnia e Maria José
Adaptações: profª Emília Pignata

Nas corridas para as minas
Atrás de ouro fino e de prata
Houve brigas, guerras e ruínas
Homens se embrenhavam pela mata

A notícia do ouro se espalhou
Portugueses no controle da situação.
E por tempos a guerra continuou
Por direitos iguais sobre a região.


Alunos: Hilde Campos, Joquebede Gomes, Raquel do Carmo, Rodrigo Pereira e Ormesilva Cunegundes
Adaptações: profª Emília Pignata

Por causa da ganância do rei
O mais pobre começou a sofrer
Cobrando 100 arrobas por mês
Fez a derrama acontecer.

Por várias vezes durante a derrama
Era frequente o abuso policial
O ouro desaparecia como uma chama
E para o povo nenhuma garantia pessoal.


Aluna: Tatiana


Para as casas de fundição
Todo o ouro é enviado
O metal era ali fundido
Marcado e transformado

O selo real
Era a única opção
De não perder todos os bens
Ou acabar na prisão

Alunas: Daiana Dillenburg, Luciene dos S. de Jesus e Juliana

A pequena concentração de ouro

E o rápido esgotamento das jazidas
Quase acabou com o nosso tesouro
Deixando na terra perigosas feridas

As rochas ficaram sem exploração
Por falta de gente capacitada
Não havia recursos para a mineração
E a crise estava instaurada






quarta-feira, 6 de junho de 2012

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA / BRASIL COLÔNIA (1500 a 1822) REVISÃO

Ciclo do pau-brasil (1500 a 1530)

- Se inicia com a chegada dos portugueses ao Brasil em 22 de abril de 1500.

- Portugueses começam a extrair o pau-Brasil da região litorânea, usando mão-de-obra indígena. A madeira era comercializada na Europa.

- Os portugueses construíram feitorias no litoral para servirem de armazéns de madeira.

- Nesta fase os portugueses não se fixaram, vinham apenas para explorar a pau-Brasil e retornavam.

- Época marcada por ataques estrangeiros (ingleses, franceses e holandeses) à costa brasileira.

Ciclo do açúcar (1530 até século XVII)

- Em 1530 chega ao Brasil a expedição de Martim Afonso de Souza com objetivo de dar início a colonização do Brasil e iniciar o cultivo da cana-de-açúcar.

- A região Nordeste é escolhida para o cultivo da cana-de-açúcar em função do solo e clima favoráveis.

- Em 1534 a Coroa portuguesa cria o sistema de Capitanias Hereditárias para dividir o território brasileiro, facilitando a administração. O sistema fracassou e foi extinto em 1759.

- Em 1549 foi criado pela coroa portuguesa o Governo-Geral, que era uma representação do rei português no Brasil, com a função de administrar a colônia.

- A capital do Brasil é estabelecida em Salvador. A região nordeste torna-se a mais próspera do Brasil em função da economia impulsionada pela produção e comércio do açúcar.

- Nos engenhos de açúcar do Nordeste é usada a mão-de-obra escrava de origem africana.

- Invasão holandesa no Brasil entre os anos de 1630 e 1654, com a administração de Maurício de Nassau.

- Nos séculos XVI e XVII, os bandeirantes começam a explorar o interior do Brasil em busca de índios, escravos fugitivos e metais preciosos. Com isso, ampliam as fronteiras do Brasil além do Tratado de Tordesilhas.

Ciclo do ouro (século XVIII)

- Em meados do século XVIII são descobertas as primeiras minas de ouro na região de Minas Gerais.

- O centro econômico desloca-se para a região Sudeste.

- A mão-de-obra nas minas, assim como nos engenhos, continua sendo a escrava de origem africana.

- A Coroa Portuguesa cria uma série de impostos e taxas para lucrar com a exploração do ouro no Brasil. Entre os principais impostos estava “o quinto”.

- Grande crescimento das cidades na região das minas com a geração de empregos e desenvolvimento econômico.

- A capital é transferida para a cidade do Rio de Janeiro.

- No campo artístico destaque para o Barroco Mineiro e seu principal representante: Aleijadinho.

Ciclo do Café (século XIX - XX)

- O café foi o produto que impulsionou a economia brasileira no início do século XX. Inicialmente concentrado nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, depois chegou ao Paraná.

- Foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. As primeiras sementes chegaram ao Brasil contrabandeadas da Guiana Francesa.

- Como o Brasil detinha o controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto, podia facilmente controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados.

- O crescimento da oferta de café muito superior ao crescimento de sua demanda, deu início a uma tendência de baixa de preços em longo prazo, levando à crise deste ciclo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Cordel da nossa História (Mineração: apogeu e decadência)

Gente,
Esse cordel foi elaborado por uma aluna de História da Educação Brasileira, do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (Campus IX).

Tema: A MINERAÇÃO NO BRASIL



(Cecília Lima – Aluna do curso de Pedagogia da UNEB)


No final daquele século
Portugal não imaginava
Que nas terras Brasileiras
Muito ouro se encontrava

Tal reserva tão recente
Foi por muitos procurada
Se tornava no Ocidente
A maior já explorada

Desde o início da colonização
Que esta terra é sugada
Os Paulistanos no sertão
Começaram a caçada

A primeira descoberta
Deu-se nas Minas Gerais
E o ouro encontrado
Revelou os teus sinais

Forasteiros portugueses
No Brasil se instalaram
Para explorar todo o ouro
Que os paulistas encontraram

Os forasteiros portugueses
Expulsaram os paulistanos
Daquelas preciosas minas
Que ganharam os Lusitanos

Então Partiram para Goiás
Que ganância era aquela?
E lá encontraram muito mais
Mas sem nenhum respeito à terra!




segunda-feira, 4 de junho de 2012

Disciplina: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA - Carta de Getúlio Vargas


Queridos alunos,

Como nossos estudos estão entrando na década de 30, segue cópia da carta deixada por Vargas, no contexto do seu suicídio.

Espero que arrasem nas microaulas

CARTA MANUSCRITA DEIXADA POR VARGAS:

“Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde...”